Manchete
deste domingo da Folha adverte: "Programa social consome a metade dos
gastos federais'.A 'grave denúncia' apoia-se num truque contábil
escondido em uma única e miserável linha. Assim: 'Foram excluídos da
conta os encargos da dívida pública'. A partir daí até camelo passa em
buraco de agulha. A pequena confissão subtrai do conjunto das
comparações algo como R$ 200 bilhões. Quase 5% do PIB, custo médio dos
juros da dívida pública nos últimos anos.O segundo desvão da calculadora
dos Frias engole aspectos cruciais da previdência social urbana. No
texto, ela é a ante-sala do inferno fiscal: equivale a 60% dos tais
'gastos sociais' do Estado brasileiro. Um buraco de R$ 245 bi. Fatos: a
previdência urbana é superavitária desde 2007, graças à criação de 16
milhões de empregos com registro em carteira nos últimos dez anos. Em
2012, teve o melhor resultado de sua história: um superávit de R$ 25 bi.
O saldo cobre quase 35% do déficit da previdência rural, que estendeu o
salário mínimo aos idosos do campo, com os seguintes desdobramentos: a)
a renda rural nos últimos seis anos cresceu 36% a mais do que o
próprio PIB agrícola;b) a década do governo Lula foi a primeira, em 60
anos, em que o êxodo rural brasileiro se estabilizou. É um corte
histórico. Mas ele não cabe na matemática esperta da Folha.
*Carta Maior
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