Segundo a revista IstoÉ,
O Ministério Público Federal desarquivou investigação iniciada no Rio
Grande do Norte que envolve a cúpula do DEM na denúncia de um intrincado
esquema de caixa 2. Todo o modus operandi das transações financeiras à
margem da prestação de contas eleitorais foi registrado em escutas
telefônicas feitas durante a campanha de 2006, às quais ISTOÉ teve
acesso. A partir do monitoramento das conversas de Francisco Galbi
Saldanha, contador da legenda, figurões da política nacional como o
presidente do DEM, senador José Agripino, e Rosalba foram flagrados.
A voz inconfundível de José Agripino
surge inconteste em uma das conversas interceptadas. Ele pergunta ao
interlocutor se a parcela de R$ 20 mil – em um total de R$ 60 mil
prometidos a determinado aliado – foi repassada. A sequência das
ligações revela que não era uma transição convencional. Segundo a
investigação do MP, contas pessoais de assessores da campanha eram
utilizadas para receber e transferir depósitos não declarados de
doadores. Uma das escutas mostra que até mesmo Galbi reclamava de ser
usado para as transações. Ele se queixa:“Fizeram uma coisa que eu até
não concordei, depositaram na minha conta”.
Galbi continua sendo homem de confiança
do partido no Estado. Ele ocupa cargo de secretário-adjunto da Casa
Civil do governo. Em 2006, o contador foi colocado sob grampo pela
Polícia Civil, pois era suspeito de um crime de homicídio. O faz-tudo
nunca foi processado pela morte de ninguém, mas uma série de
interlocutores gravados a partir de seu telefone detalharam o esquema de
caixa 2 de campanha informando número de contas bancárias de pessoas
físicas e relatando formas de emitir notas frias para justificar gastos
eleitorais.
Nas gravações que envolvem Rosalba, o
marido da governadora, Carlos Augusto, liga para Galbi e informa que
usará de outra pessoa para receber doação para a mulher, então candidata
ao Senado. “Esse dinheiro é apenas para passar na conta dele. Quando
entrar, aí a gente vê como é que sai para voltar para Rosalba.” O
advogado da governadora, Felipe Cortez, evita entrar na discussão sobre o
conteúdo das escutas e não questiona a culpa de sua cliente. Ele
questiona a legalidade dos grampos. “Os grampos por si só não provam
nada. O caixa 2 não existiu. As conversas tratavam de assuntos
financeiros, não necessariamente de caixa 2”, diz o advogado de Rosalba.
Procurado por ISTOÉ, o senador José
Agripino não nega que a voz gravada seja dele. No entanto, o presidente
do DEM afirma que as conversas não provam crime eleitoral. “O único
registro de conversas do senador José Agripino refere-se à concessão de
doação legal do partido para a campanha de dois deputados estaduais do
RN”, argumenta.
Fonte: Revista Isto é via Blog do Robson Pires
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