Expansão dos cursos de pós-graduação aliado ao crescimento significativo da oferta pelas universidades particulares possibilitou o aumento do número de mestres no País
O número de títulos de mestrado concedidos no Brasil cresce, em média, 11% ao ano, aponta estudo lançado, nessa segunda-feira (23), pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE). Ainda de acordo com a publicação, em 14 anos, a quantidade de novos mestres quase quadruplicou, passando de 10.389 em 1996, para 38.800 em 2009 - o que representa um crescimento de 273,5%.
A publicação Mestres 2012: Demografia da Base Técnico-Científica
Brasileira aprofunda os conhecimentos sobre formação, emprego e características
demográficas dos mestres brasileiros e apresenta um conjunto de estatísticas geradas
a partir do cruzamento das bases de dados do Coleta Capes 1996-2009, da Relação
Anual de Informações Sociais (Rais) 2009, do Ministério do Trabalho e Emprego
(MTE) e do Censo Demográfico 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
O levantamento é uma extensão da publicação Doutores 2010, lançada
durante a 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. O processo
envolveu a Coordenação-Geral de Indicadores do MCTI e o Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
“É um trabalho muito rico e importante, que nos permite trabalhar no
perfil e na formação dos novos mestres e de acordo com a necessidade do País,
como uma ferramenta de fortalecimento de políticas públicas”, afirmou a
representante da Secretaria Executiva do ministério, Ana Lúcia Assad.
Com base no levantamento, é possível perceber a velocidade e a
capacidade do sistema em atender as demandas da sociedade e da economia, com a
criação de cursos de mestrado em diversas áreas, inclusive, com novas
modalidades, como o mestrado profissional. O presidente do CGEE, Mariano
Laplane, destaca o fato de essa formação estar se estendendo para outras
regiões do País fora do circuito Sudeste e Sul. “Estamos abrindo o leque, isso
é muito importante”, avaliou.
No período 1996-2009,
apenas o Sudeste, que possuía mais de 62% do total de programas de mestrado no
início, cresceu menos do que a média brasileira. O crescimento dessa região
nesses 14 anos avaliados, de 82%, foi menor do que a média nacional, que foi de
126%. As demais regiões apresentaram taxas de crescimento significativamente
mais elevadas: Nordeste, com 179%; Sul, com 184%; Centro-Oeste, com 233%; e
Norte, com 341%.
Políticas de expansão
O aumento do número de mestres no País é resultado de políticas adotadas
pela expansão da pós-graduação, com o apoio do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Capes, aliado ao fenômeno
do crescimento significativo da oferta de cursos pelas universidades
particulares. Em 1996, essas instituições foram responsáveis por apenas 13,3%
dos títulos de mestrado. Em 2009, elas já respondiam por 22,4% do total.
“É verdade que estas instituições se dedicam mais a determinadas áreas
do conhecimento, especialmente as áreas sociais e humanas, e pouco a áreas como
as engenharias, a física e a matemática. Mas é uma contribuição muito
importante”, comentou consultor do trabalho, Eduardo Viotti.
Perfil dos pesquisadores
A publicação também permite identificar as desigualdades existentes
neste universo nos aspectos relacionados a gênero e raça. É também um
termômetro da importância que a qualificação passou a ter no País.
Segundo o estudo, a proporção feminina
cresceu de maneira significativa desde 1998, quando o número de mulheres
tituladas em programas de mestrado superou o de homens. Em 2010, embora
constituíssem a maioria da população de mestres residentes no Brasil, sua
remuneração mensal média era aproximadamente 42% menor do que a dos homens.
A população de mestres e doutores também é mais branca do que a
população como um todo. Em 2010, os que se declararam brancos correspondiam a
47% dos brasileiros. No mesmo ano, considerando somente os que possuíam grau de
instrução elevado - mestrado e doutorado -, a parcela dos que se declararam
brancos era de 80%.
“A concentração de brancos não corresponde à diversidade do perfil
racial da população como um todo. É uma revelação que merece reflexão da
sociedade e do Estado e, possivelmente, algum tipo de ação afirmativa que evite
a continuidade dessa distorção”, comenta o consultor Viotti.
Emprego e renda
O tratamento dos resultados da amostra do Censo 2010 também permitiu
dimensionar esse universo em relação à população brasileira, em que os mestres
ainda representam 0,32% do total.
ão com o grau de formação e revela que os indivíduos que concluíram o
ensino superior possuem salários 170% mais altos em relação aos que completaram
apenas o ensino médio. Já os brasileiros que possuem mestrado ganham em média
84% mais que os que têm somente a graduação. Os que concluíram o doutorado
recebem 35% a mais do que os que só fizeram o mestrado.
Na avaliação de Viotti, a formação também passou ser uma condicionante
para manter-se no mercado e trabalho. Em 2010, o desemprego entre as pessoas
com ensino médio girava em torno de 5% e entre os doutores, em cerca de 1%.
“Isso mostra que vale a pena investir em educação e que existe um estímulo
muito grande para que as pessoas aumentem o seu nível de formação, porque o
mercado está carente disso”, diz o consultor.
Fonte: Ministério da Ciência, Tecnologia
e Inovação
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