Após a cerimônia de chegada dos despojos de João Goulart à Base Aérea
de Brasília, com honras militares de chefe de Estado, João Vicente
Goulart, filho de Jango, avaliou que o processo de exumação, exames e
perícias para constatar a causa da morte do pai é um primeiro passo para
resgatar a história do ex-presidente e do país. Para João Vicente,
também é importante refletir sobre as reformas de base propostas por
Jango.
“Acho que se nós queremos reformar o Estado brasileiro, pensar na
reforma de nossa previdência, na reforma agrária, temos que voltar a
1964 para estudar, para ver realmente o que foi 1964 e quais foram as
reformas enviadas na mensagem para o Congresso Nacional em 1964. Acho
que a importância de rever Jango é a importância de rever o Brasil.
Temos que avançar. Estamos dando o primeiro grande passo, não será o
último”, comentou.
Rosa Maria Cardoso, que foi coordenadora da Comissão Nacional da
Verdade e trabalha diretamente em processos que envolvem a história de
Jango, afirmou que, para o país, é importantíssimo saber o que de fato
aconteceu ao ex-presidente.
“Primeiro, é importante para a própria família que tem procurado desde
que ele morreu saber as causas dessa morte, saber o significado
político, também o envolvimento político dele, desde que a família sabia
que o Jango era permanentemente vigiado por representantes de órgãos de
informação e repressão. [...] Desvendar tudo isso é muito importante”,
avaliou Rosa Maria.
O cineasta Sílvio Tendler, que dirigiu o documentário “Jango”, lembrou
que o local da solenidade, a Base Aérea, foi o último em que João
Goulart esteve em Brasília, antes de viajar para Porto Alegre, e em
seguida para o exílio. Ele também reconheceu o significado da homenagem
com honras dignas de um chefe de estado ao ex-presidente.
“Quase 50 anos depois desses fatos que estou narrando, quer dizer, vai
fazer 50 anos, ele volta com todas as honras dignas de um chefe de
estado. Volta para poder receber a justa homenagem dele, numa iniciativa
da presidenta Dilma Rousseff, na qual estarão presentes os outros
chefes de estado, então acho que se faz justiça, e posso dizer que meu
filme está quase pronto e acabado”, disse Sílvio.
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