Lixo e lama a céu aberto, nas ruas de CG. Foto: CG News |
*Cristiano Almeida
"Muitas vezes a “desconstrução do magnífico” se faz necessário, pois
só assim podemos enxergar o que é real e no que de fato avançamos. E é
justamente quando estamos nos achando demais que perdemos as melhores
oportunidades!
Campo Grande avançou recentemente com a aquisição de máquinas e
ônibus 100% custeados por investimentos federais. Teve pequenos avanços
na educação, muito embora considere uma perda lastimável a redução das
jornadas de trabalho dos professores e dos seus salários somente para
encher a folha de pagamento com contratos de emergência. O velho
jeitinho da politicagem eleitoreira de transformar o serviço público em
cabide de emprego para eleger políticos descomprometidos com avanço da
sociedade.
Houve sim a construção de algumas moradias e, embora algumas ainda
estejam sendo construídas, Campo Grande ainda tem inúmeros exemplos de
casas de taipa na zona urbana e mais ainda na zona rural.
Quanto ao saneamento básico, tenho olhado para os quatro cantos de
nossa cidade e não consigo enxergar uma obra sequer para citar como
exemplo do que tenha sido feito. Os mesmos grandes canais de esgotos
ainda persistem. E mesmo as ruas asfaltadas nessa gestão continuam com
seus rios de esgoto a céu aberto, exalando o mau cheiro e procriando
mosquitos, não é demais dizer que as muriçocas quase expulsaram nossa
população de casa. E nessa Festa de Santana tenho certeza que além das
boas recordações os nossos visitantes levaram consigo também uma boa
coleção de picadas.
A prefeitura tem ousadia de dizer que acredita e investe no esporte.
Investe coisa nenhuma, pelo contrário, desperdiça recursos públicos,
joga no lixo nosso dinheiro! E um bom – quero dizer péssimo – exemplo
disso são os milhares de reais desperdiçados com o abandono da obra do
“Campo de Futebol”. Além disso, nossos conterrâneos que praticam
caminhada continuam a se arriscar na BR-226. Veja só que contraditório:
arriscar a vida para manter a saúde, quando na verdade Campo Grande
poderia ter pelo menos uma pista de caminhada, já que nossos gestores
não tem a coragem de construir um parque poliesportivo, embora haja
espaço onde era o antigo açude da prefeitura por exemplo.
Quanto ao setor rural e a economia nada foi feito a não ser tapar
buraco de estradas. Não houve absolutamente nenhum incentivo para
fortalecer o setor agropecuário que ainda é um dos principais meios de
vida das pessoas que moram na zona rural. E pior, não há sequer um local
adequado para o abatimento de animais, embora tenhamos um abatedouro
público quase pronto e um mercado para comercialização de carnes. Os
nossos produtores continuam afogados em dívidas, tirando dinheiro de
seus aposentos para alimentar seus rebanhos. Não há nenhum estímulo à
comercialização de produtos da atividade agropecuária, nem mesmo
subsídios à produção, mas a prefeitura tem dinheiro para continuar
mantendo seus funcionários fantasmas e de vez em quando alugar imóveis
que não são utilizados.
Já em relação à saúde meus caros conterrâneos, eu peço licença pra
falar mais a vontade. Nossos gestores relutam em sustentar que aquela
unidade básica de saúde que chamam de “hospital” só atende casos de
urgência/emergência, quando é visível a impossibilidade de se fazer esse
tipo de atendimento com a estrutura que essa unidade dispõe, ou melhor,
não dispõe de nada a não ser a coragem dos profissionais que prestam
serviço lá. Desde sempre o atendimento de urgência e emergência de Campo
Grande consiste em administrar anti-inflamatório ao paciente, preencher
um encaminhamento e colocá-lo em um carro sem assistência profissional,
sem monitoramento e sem suporte ventilatório, e seguir viagem para
contribuir com a superlotação dos hospitais de Mossoró e Natal. Os
filhos da terra continuam sendo filhos de outras terras, pois a política
para as nossas gestantes é a mesma para os casos de urgência e
emergência: “bota pra frente”, “manda pra outra cidade”. Cadê a sala de
parto que o prefeito prometeu há mais de um ano?
Chamar de ambulância um veículo sucateado que leva como profissional
apenas o motorista, sem o menor conhecimento técnico acerca dos
procedimentos necessários a esse tipo de condução, é outra incoerência
absurda que os nossos gestores teimam em sustentar. Isso não é
ambulância é veículo comum, e sem medo de vaias é “carro de boi”, quando
na verdade a cidade merece e pode dispor de uma UTI móvel com
profissionais capacitados a utilizá-la. Essa gestão não investiu um real
sequer na aquisição de equipamentos para a assistência
médico-hospitalar de urgência e emergência.
Aliás, qual é mesmo a política para a saúde? E para educação, esporte, lazer, moradia, e a zona rural?"
* Cristiano Almeida publicou esta matéria originalmente no CG News
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