A Desconstrução da Farsa

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Lixo e lama a céu aberto, nas ruas de CG. Foto: CG News

*Cristiano Almeida


"Muitas vezes a “desconstrução do magnífico” se faz necessário, pois só assim podemos enxergar o que é real e no que de fato avançamos. E é justamente quando estamos nos achando demais que perdemos as melhores oportunidades!
Campo Grande avançou recentemente com a aquisição de máquinas e ônibus 100% custeados por investimentos federais. Teve pequenos avanços na educação, muito embora considere uma perda lastimável a redução das jornadas de trabalho dos professores e dos seus salários somente para encher a folha de pagamento com contratos de emergência. O velho jeitinho da politicagem eleitoreira de transformar o serviço público em cabide de emprego para eleger políticos descomprometidos com avanço da sociedade.
Houve sim a construção de algumas moradias e, embora algumas ainda estejam sendo construídas, Campo Grande ainda tem inúmeros exemplos de casas de taipa na zona urbana e mais ainda na zona rural.
Quanto ao saneamento básico, tenho olhado para os quatro cantos de nossa cidade e não consigo enxergar uma obra sequer para citar como exemplo do que tenha sido feito. Os mesmos grandes canais de esgotos ainda persistem. E mesmo as ruas asfaltadas nessa gestão continuam com seus rios de esgoto a céu aberto, exalando o mau cheiro e procriando mosquitos, não é demais dizer que as muriçocas quase expulsaram nossa população de casa. E nessa Festa de Santana tenho certeza que além das boas recordações os nossos visitantes levaram consigo também uma boa coleção de picadas.
A prefeitura tem ousadia de dizer que acredita e investe no esporte. Investe coisa nenhuma, pelo contrário, desperdiça recursos públicos, joga no lixo nosso dinheiro! E um bom – quero dizer péssimo – exemplo disso são os milhares de reais desperdiçados com o abandono da obra do “Campo de Futebol”. Além disso, nossos conterrâneos que praticam caminhada continuam a se arriscar na BR-226. Veja só que contraditório: arriscar a vida para manter a saúde, quando na verdade Campo Grande poderia ter pelo menos uma pista de caminhada, já que nossos gestores não tem a coragem de construir um parque poliesportivo, embora haja espaço onde era o antigo açude da prefeitura por exemplo.
Quanto ao setor rural e a economia nada foi feito a não ser tapar buraco de estradas. Não houve absolutamente nenhum incentivo para fortalecer o setor agropecuário que ainda é um dos principais meios de vida das pessoas que moram na zona rural. E pior, não há sequer um local adequado para o abatimento de animais, embora tenhamos um abatedouro público quase pronto e um mercado para comercialização de carnes. Os nossos produtores continuam afogados em dívidas, tirando dinheiro de seus aposentos para alimentar seus rebanhos. Não há nenhum estímulo à comercialização de produtos da atividade agropecuária, nem mesmo subsídios à produção, mas a prefeitura tem dinheiro para continuar mantendo seus funcionários fantasmas e de vez em quando alugar imóveis que não são utilizados.
Já em relação à saúde meus caros conterrâneos, eu peço licença pra falar mais a vontade. Nossos gestores relutam em sustentar que aquela unidade básica de saúde que chamam de “hospital” só atende casos de urgência/emergência, quando é visível a impossibilidade de se fazer esse tipo de atendimento com a estrutura que essa unidade dispõe, ou melhor, não dispõe de nada a não ser a coragem dos profissionais que prestam serviço lá. Desde sempre o atendimento de urgência e emergência de Campo Grande consiste em administrar anti-inflamatório ao paciente, preencher um encaminhamento e colocá-lo em um carro sem assistência profissional, sem monitoramento e sem suporte ventilatório, e seguir viagem para contribuir com a superlotação dos hospitais de Mossoró e Natal. Os filhos da terra continuam sendo filhos de outras terras, pois a política para as nossas gestantes é a mesma para os casos de urgência e emergência: “bota pra frente”, “manda pra outra cidade”. Cadê a sala de parto que o prefeito prometeu há mais de um ano?
Chamar de ambulância um veículo sucateado que leva como profissional apenas o motorista, sem o menor conhecimento técnico acerca dos procedimentos necessários a esse tipo de condução, é outra incoerência absurda que os nossos gestores teimam em sustentar. Isso não é ambulância é veículo comum, e sem medo de vaias é “carro de boi”, quando na verdade a cidade merece e pode dispor de uma UTI móvel com profissionais capacitados a utilizá-la. Essa gestão não investiu um real sequer na aquisição de equipamentos para a assistência médico-hospitalar de urgência e emergência.

Aliás, qual é mesmo a política para a saúde? E para educação, esporte, lazer, moradia, e a zona rural?"

* Cristiano Almeida publicou esta matéria originalmente no CG News

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