Médico se diz sem condições de trabalhar no hospital de CG |
É Muita Farofa Pra Pouca Carne
"Hoje precisei levar minha namorada ao médico em Campo Grande para
mostrar alguns exames que outro médico que também atende lá havia
solicitado.
Procuramos o posto de saúde que aqui chamam de “hospital” e a pessoa
que nos recebeu disse que a médica que estava de plantão só poderia
atender casos de urgência.
Ora, eu como profissional da saúde tenho conhecimento de que aquela
unidade não tem se quer condições mínimas para atender casos de
urgência. E como cidadão campo-grandense, tive ainda a infeliz
experiência de perder um irmão que fora recebido por este suposto
“atendimento de urgência”.
Campo grande não dispõe de equipamentos de assistência ventilatória,
nem tampouco profissionais capacitados a utilizá-los caso necessário.
Administrar Diclofenaco e Diazepam à alguém com traumatismo
crânio-encefálico e jogá-lo em um carro sem suporte ventilatório e sem
nenhum acompanhamento profissional, além de imoral e antiético, não é e
nunca será atendimento de urgência.
Em conversa com um amigo, que é médico, perguntei se ele gostaria de
vir trabalhar em Campo Grande caso surgisse oportunidade, ele me disse o
seguinte:
“Deus me livre, tive a oportunidade de conhecer o serviço de saúde de
Campo Grande e vi que lá não tem a menor condição de receber um
paciente em caso de urgência, não há nenhum equipamento de suporte ou
assistência ventilatória, nem muito menos recursos para estancar uma
hemorragia, também não há equipamentos para monitorar o paciente. Enfim,
não tem a mínima condição de estabilizar um paciente em caso de
urgência para encaminhá-lo a um serviço médico de maior complexidade.
Querendo ou não, a morte de um paciente nos gera sentimento de culpa.
Não sou louco de assumir essa responsabilidade.”
Embora não possa divulgar o nome do profissional por questão de ética
e respeito ao mesmo, este depoimento reafirma o que eu disse, e digo
mais: embora respeite o quadro de profissionais enfermeiros de Campo
Grande, sei que é composto em sua maioria de técnicos e auxiliares de
enfermagem e sei também que estes não contemplaram em sua formação o
conhecimento necessário para operar equipamentos de suporte
ventilatório, pois, como fisioterapeuta, tenho ciência de que este é um
atributo nosso.
Além disso, desafio prefeito ou secretária de saúde a dizer que
investiu a partir de 2008 se quer um real na compra de equipamentos ou
na capacitação dos profissionais do quadro de saúde de Campo Grande para
atender casos de urgência.
Nessa administração de muita demagogia e pouca atitude proativa
sobram arrogância e prepotência, e a vontade de “querer ser” substitui o
“fazer aquilo que se pode e deve” somente para “querer parecer”, ou
seja, é muita farofa pra pouca carne!"
* Cristiano Almeida é fisioterapeuta de CG e publicou esta matéria no CG News
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