Galeguinho nunca saberá, mas virou o proverbial bode expiatório. Um dia depois de a Folha revelar o cenário simplório da sede da Bonacci Engenharia, que assinou R$ 6 milhões em contratos públicos em cinco anos, sobrou para o caprino.
Desde ontem, o bode Galeguinho não desfruta da eventual sombra da varanda da sede da empresa, que ele "guardava".
A Bonacci ganhou notoriedade como destino de verbas de emendas do
deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), favorito à presidência da
Câmara.
O bode foi despejado do terreno baldio que cerca a modesta casa onde a
Bonacci é registrada, tendo como um dos sócios Aluizio Dutra, assessor
do deputado PMDB até segunda, depois que a Folha revelou a relação com o dinheiro levantado pelo chefe.
A reportagem voltou ontem ao local e encontrou Galeguinho amarrado numa
árvore, na mesma rua, ao lado de um chiqueirinho de galinha, a poucos
metros da Bonacci.
Recebia migalhas das crianças e moradores. Entre eles, sua dona, Maria
da Apresentação da Silva, 50. É mãe de cinco filhos. "Galeguinho é o
sexto, o caçula." O bode foi parar na árvore porque ela diz ter
recebido, anteontem, ordem para tirá-lo do terreno da Bonacci.
Não entendeu os motivos nem sabia que tinha saído algo publicado no jornal. "Pediram para tirar", resumiu.
*Folha de São Paulo
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